Faz um tempo que eu ando me queixando na terapia sobre produzir em excesso. Além do trabalho, que nos consome uma generosa fatia do nosso cotidiano, temos a vida toda para cuidar (saúde, descanso, casa, social, etc). Mas também temos as produções de conteúdo (que no meu caso, bem particular, me toma tempo com podcast, newsletter, página de humor, crochê, bordado e poesias…) [Insira aqui algo que você produz].
E mesmo nada sendo remunerado (porque afinal esse é um pensamento capitalista, afinal, vivemos produzindo para pagar o nosso pão de amanhã), o sentimento constante pulsa o dia todo: “precisava fazer isso de um jeito melhor” ou “não está bom o suficiente” com oscilações de “ninguém vai querer ver/ler/ouvir o que eu faço”.
Sim, é cansativo criar mini castelos de areia na praia, sabendo que logo a onda vem passando por cima, levando a sua vontade de concluir ou simplesmente refazer o que estava em curso.
Mas com a terapia, e com a provocação certa da minha psicóloga, eu pensei: será mesmo que a onda não é só uma forma de destruir para limpar a minha “área de trabalho”?
Ok, talvez seja muita metáfora para dizer o seguinte: qual é o real problema de ter vários projetos iniciados sem conclusão? Que mal isso realmente vai me trazer?
Porque a lógica capitalista nos diz a todo momento que não devemos perder nosso tempo com coisas que não dão dinheiro. E aí, quando você menos percebe, você quer monetizar o seu lazer, criar listas de tarefas de coisas que te relaxam porque é nesse sistema em que você foi engolido.
Não está fácil, não é mesmo?
Mas veja bem: são apenas passatempos. E passatempos não precisam ser remunerados, nem precisam de data para conclusão ou continuidade. Repita comigo: são passatempos.
Por isso, eu decidi que quero poder destruir/matar/dilacerar meus projetos. Sem culpa.
Usar a minha raiva acumulada (sem me machucar ou machucar outrem) e quebrar coisas que já estão quebradas. Bater em travesseiros ou almofadas. Rasgar papéis meio desenhados. Tacar bichinhos de pelúcia na parede. (Sim, foram algumas soluções).
Mas meu sonho mesmo era ir num desses lugares especializados e com um taco de beisebol, quebrar coisas sem nenhuma piedade. (Se alguém conhecer ou quiser ir comigo, por favor, me chame).
Talvez eu esteja apenas cansada (de muitas coisas, na verdade). Mas quem sabe uma destruiçãozinha ajude você hoje?
📝 Deixa eu escrever um pouquinho mais?
Queria enaltecer aqui o texto do meu amigo Daniel sobre o amor. Traduziu tanta coisa que eu queria colocar para fora, que até doeu.
Leiam que tá lindo:
🔈Eu voltei com o Viajany!
Sim, eu tenho um podcast chamado Viajany (sobre viagens) e é bem divertido. É no esquema de entrevistas e sempre trago pessoas legais para contarem boas histórias. Nesse último episódio eu trouxe o Angelo Dias, que também está por aqui no Substack.
Site: www.viajanypodcast.com
Feed (para agregadores): https://viajanypodcast.com/category/podcast/feed/
Spotify:
📖 Terminei de ler:
O Labirinto dos Espíritos, de Carlos Ruiz Zafón. É o último da quadrilogia iniciada com A Sombra do Vento. Esse último, inclusive, li antes ou bem no começo da faculdade de Jornalismo. Era uma recém-adulta. Mas demorei muito para ler O Labirinto dos Espíritos (que é bem mais denso que os outros). Comprei na pandemia, mas não tive coragem de continuar porque o começo era sobre guerra, e eu queria evitar temas pesados. Alguns dias atrás, eu o concluí e chorei. Porque foi basicamente uma despedida de uma história que me acompanhou durante a minha vida adulta.
A Sombra do Vento é o meu livro favorito de todos os tempos, mas O Labirinto dos Espíritos marcou demais o meu coração.
Se é tudo loucura ou verdade, só saberemos mais tarde.
Um beijo e um queijo,
💋🧀
esse texto me lembrou esta música dos smiths:
Typical me, typical me, typical me, typical me
Typical me, typical me, typical me
I started something and now I'm not too sure
aguardando a era de destruição de conteúdo 😊 saudade, grecinha!